Dudú, aprendiz de pandu [acto 8] | Dai Varela

10 de outubro de 2010

Dudú, aprendiz de pandu [acto 8]

Dr. Matá-Osga:
Todos pensam que o problema de Cabo Verde é a falta de emprego, miséria, etc. mas eu vos digo que não é nada disso. O problema principal dos cabo-verdianos é se recusarem a matar osgas. Tradicionalmente o criolo mata baratas, ratos, centopeias, tartarugas e até mesmo o seu semelhante. Mas chega o momento crucial, quando se encontra face-a-face com esse vil animal e ele recusa-se a abatê-lo.



Dudu Aprendiz d’Pandú:

Ma gente ke devê matá osga Dator.

Dr. Matá-Osga:

Mas por que não? Se é esse bicho a razão dos grandes problemas da sociedade cabo-verdiana.



Dudu Aprendiz d’Pandú:

Ma Dator. Matá-Osga, kond gent te mata kel bitchim, kel rob te f’ká te gorrá bo mãe. Essim oiá, essim.


Dr. Matá-Osga:

Pobre ignorante! Pois eu, como um cientista brilhante, irei inventar um veneno capaz de exterminar com todas as osgas em Cabo Verde. Todas as osgas! Só assim os cabo-verdianos conhecerão as coisas boas da vida.



(Após investir todo o seu dinheiro no desenvolvimento do veneno para osgas, o Dr. Matá-Osga vai a falência porque ninguém quis comprá-lo. Vai ser entrevistado por um jornalista).


Jornalista:

Dr. Matá-Osga, depois de ir à bancarrota com o fiasco que foi o seu veneno, o nosso jornal gostaria de saber a sua reacção em primeira-mão.



Dr. Matá-Osga:

(pegando o jornalista pela gola) pois eu vou lhe dar a minha reacção em primeira-mão (e dá-lhe uma bofetada). Agora vou dar-lhe a minha reacção em segunda-mão (e dá-lhe outra bofetada). Será que o seu jornal quer uma reacção em terceira-mão?


Jornalista:

Não, por favor não! O jornal já tem matéria suficiente para reportagem.


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