Cárcere em Mente [Cap. 4] | Dai Varela

22 de dezembro de 2009

Cárcere em Mente [Cap. 4]


Capítulo 4: [Eu e mim próprio]

Uma dor atroz foi engolida pelo escuro da noite! Senti meu pé esquerdo inchando e uma enorme dor no peito inflamando entrecortado pelos soluços, silenciosos, porque agora não posso ser pega. Esses pés que um dia foram delicados e muitas vezes beijadas pelo meu amor hoje se encontram nesse estado de dar dó. Preciso me afastar desta casa maldita, mas para onde? Para qualquer lugar longe daqui, isso é certo. Comecei a andar com muita dificuldade afastando-me sempre dessa minha prisão. Aquela plantas não ajudaram muita na minha queda e esta inflamação no meu pé direito é disso prova. Consegui amarrá-lo com o farrapo que estava a minha camisa mas ainda dói muito. Agora é que percebi que as árvores que eu tinha visto da janela eram acácias. Vou-me embrenhar por elas e procurar descansar um pouco.
Se não fosse por causa desse inchaço no meu pé esquerdo eu poderia caminhar mais rápida. Jeremias tinha razão, eu estou mais forte. Obrigada, meu amigo. As acácias estavam dispostas erraticamente sobre um chão de terra seca e vermelha com alguns montes de lixo talvez trazidos pelo vento. Agora que já descansei um pouco vou continuar a caminhar e procurar ajuda. Eu irei trazer a polícia e derrubaremos aquela casa e prenderemos todo mundo, malditos criminosos e se o gato ainda lá estiver vou levá-lo comigo para a minha casa. A Lua voltou a aparecer no céu de poucas estrelas, vou seguir sempre nessa direcção. Não sei aonde vai dar, só sei que é bem longe daquela maldita casa. Como me doem os pés!
Acho que a minha sorte está a mudar. Talvez eu consiga encontrar ajuda nesta estrada de terra batida. Vou continuar a caminhar por esta caminho sem nenhuma iluminação, tenho esperança de encontrar quem me ajude. Aquilo se parece com faróis, parece ser… é mesmo um carro! Estou salvo! O carro aproxima-se devagarinho, parece não ter pressa. O meu coração começou a acelerar. Está cada vez mais perto. Será que é mesmo auxílio? Ou será que vão-me levar de volta para aquele horrível quarto e afastar-me de novo do meu amor? Vou-me esconder atrás daquelas pedras para decidir. Ponho-me a espreita enquanto o carro se aproxima cada vez mais. Sinto uma breve brisa a correr no ar do tempo que me faz estremecer. Consigo distinguir um homem com uma grande barba ao volante, parece estar sozinho. Parece estar sempre a olhar para os lados a procura de alguma coisa… ou de alguém! Já devem ter dado pela minha fuga e estão a minha procura. Ele quer me levar de volta para aquela casa. Enquanto me encolho ainda mais por trás destas pedras vejo a carrinha de caixa aberta a passar lentamente pela estrada de terra batida.

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