[Desafio Criativo Nº1] - Não vou ficar | Dai Varela

28 de março de 2012

[Desafio Criativo Nº1] - Não vou ficar

Muito tempo se passou e há muitos que não acreditam que pessoas sempre têm uma segunda chance de viver. Na Bíblia fala que Matusalém viveu 969 anos porque Cesar não poderia chegar aos 150 em pleno ano de 2090. Rapaz forte, cabelo crespo e pele escura não conseguia esconder sua identidade. Aos nove anos caiu em sono profundo e nunca mais se levantou até dois meses atrás. Com os sinais vitais intactos foi levado para o exterior para explicar o sucedido. Ao acordar a primeira palavra foi “Cabo Verde”. Depois de recuperar do susto de todo o tempo perdido o único desejo é voltar a terra. 

Hoje vai haver um segundo nascimento. Cabo Verde vai receber um filho há muito ido. O avião ao começar a sobrevoar as ilhas ouve uma salva de palma bem forte para marcar o acontecimento. Alegria como estes eram poucos para dar um safanão na monotonia no país já que tudo estava feito e não tinha mais nenhuma cerimónia de inauguração. 

A hierarquia social tinha mudado. Porque o país já não pertencia ao povo mas há montes de caras brancas que começaram a cobrar as dívidas do país. E o sentimento era comum entre todos que José Maria Neves era um dos responsáveis pelo facto. Mas também em São Vicente onde o avião iria pousar juntava o nome de Augusto Neves. Estas duas figuras eram vistas como exemplos a não seguir. Por causa deles 

Ao descer do avião ficou perplexo tinha sido de longe as recordações de um soninho de …anos. Um ruido estranho vinha do fundo. Não parecia ter certeza mas sentiu que todos estavam contentes mas não sabia porque não entendia o que diziam. E no fundo vê uma estátua e consegue ler o nome de Manuel Veiga e numa corrida desenfreada chega ao pé da estátua e consegue ler “Homenagem aquele que deu os primeiros passos para a oficialização do cabo-verdiano mas que os esforços foram em vão”. Lido e compreendido viu que o povo falava uma junção de muitas línguas e que não entendia. 

E ficou perturbado que a alegria que conheceu no rosto do povo tinha esvanecido do rosto do povo e isso tirou-lhe a alegria do rosto e vê que tudo o que o povo tinha lutado tinha caído nas mãos daqueles que ficaram a espreita para usufruir do trabalho do povo. A tristeza ficou mais evidente quando relembrou da sua infância e viu que o povo tinha a chance de mudar tudo e não fez nada. Falaram, falaram, criticaram mas na hora de agir todos calaram, cheio de tristeza entrou no mesmo avião e foi. O povo voltou as suas casas e nunca mais falaram no assunto chamado “Cesar”.

OBS: este texto é da autoria de Nany Delgado e faz parte do Concurso de Escrita Criativa

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