Blogues e a Credibilidade do Jornalista | Dai Varela

13 de julho de 2012

Blogues e a Credibilidade do Jornalista


A blogosfera trouxe novas discussões para o mundo do jornalismo, principalmente com a entrada dos próprios jornalistas nesta forma de expressão e que, actualmente, deve-se partir do princípio de que não há consenso em relação à credibilidade do jornalista nas novas formas misturadas de media. Mas, até que ponto é ético para estes profissionais terem um espaço onde veiculam as suas opiniões? Poderão os blogues afectar a própria credibilidade – o bem mais precioso – dos jornalistas? Estas são questões complexas tendo em conta a fase embrionária no nosso país deste fenómeno e ao facto do Código Deontológico dos Jornalistas de Cabo Verde não dedicar-lhe nenhuma atenção.

Uma das razões que tornaram os blogues tão apelativos está nas suas características intrínsecas. Por serem ferramentas fáceis de usar por pessoas com poucos conhecimentos técnicos, este tornaram como que um novo “ambiente de trabalho” que está disponível para o mundo inteiro que esteja conectado com a Internet. Uma vez familiarizado com a plataforma, qualquer internauta, e neste caso, o jornalista, pode sem grandes esforços produzir conteúdo e disponibilizá-lo ao público.

Actualmente, o que se tem verificado é um certo encorajamento dos media tradicionais que divulgam os artigos publicados nos blogues (como é o caso do jornal A NAÇÃO no seu espaço “Blogosfera”, uma página que semanalmente acompanhava o que diziam os principais blogues cabo-verdianos; e também a Rádio Morabeza, que nas primeiras horas da manhã faz uma ronda pelo blogues e dá conta do que falam os mesmos) e um estímulo também dos media online que usam os blogues como fontes nas notícias publicadas nos jornais digitais. Entende-se isto porque os media sempre tiveram a tendência natural de considerar atraente os avanços tecnológicos e o facto de Cabo Verde ter entrado na onda da blogosfera é sempre algo a assinalar para demonstrar o nosso suposto nível de desenvolvimento.

Outro factor que parece ter dado alguma relevância aos blogues foi a entrada de figuras conhecidas em Cabo Verde na área das artes (Tchalé Figueira, João Branco, Djinho Barbosa), política (Humberto Cardoso, Abraão Vicente), académicos (Brito Semedo, Silvino Évora) ou de activismo social (César Schofiel Cardoso, Redy Lima) que ajudaram a dar maior visibilidade à prática de blogar.

Entretanto, alguns jornalistas profissionais (Carlos Santos, Fonseca Soares, Margarida Fontes, Matilde Dias, Susana Rendall Rocha, Nuno Andrade Ferreira) adaptaram-se também as exigências dos novos tempos jornalísticos presente e criaram seus próprios espaços multimédia onde produzem ou produziram textos apelativos e adaptados procurando não se restringir às exigências formais do jornalismo. 

Mas será que quando um jornalista faz uso da sua liberdade de expressão num blogue estará a colocar em causa a sua imparcialidade e, com isso, a sua credibilidade? O que parece claro é que a blogosfera se afirma como um local de ruptura onde há espaço para todo tipo de opiniões e que a credibilidade do jornalismo depende do uso dado ao blogue pelo jornalista.



  1. Depois de ler o "extenso" texto acabei por verificar que, afinal, estava tudo dito nas ultimas cinco linhas...Estas cinco linhas contêm, em si mesmas, o poder de síntese que, a meu ver, deve ser o paradigma da linguagem "blogal"...Ora, por deformação profissional, talvez, os jornalistas tendem a ser prolixos...Às vezes, não é fácil resumir o "quem", o "quê", o "onde", o "como", o "porquê", por esta ou qualquer outra ordem...                                                                          

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  2. Pois é Zito Azevedo, resolvi "cortar" o texto para deixá-lo mais ao estilo blogue para que possa ser lido de forma mais suave. Devo ter entusiasmado com o tema, heheheh.

    Realmente as cinco últimas linhas resumem bem este tema mas que é necessário contextualizarAbraço 

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