Bilan: conhecido no estrangeiro... desconhecido em Cabo Verde | Dai Varela

21 de junho de 2012

Bilan: conhecido no estrangeiro... desconhecido em Cabo Verde

De Portugal avisam para se estar de olho neste "tradicionalista renovador". Do Canadá anunciam "grandes coisas" para seu futuro. Entretanto, Bilan é ainda um ilustre desconhecido em Cabo Verde, seu país natal. Seu segundo trabalho discográfico, "Ilha", chega ao mercado este mês e esta é a oportunidade deste "mucin" de São Vicente dar-se a conhecer na sua terra e mostrar seu talento.

O talento de Bilan promete muitas coisas boas para Cabo Verde 
Bilan começou a sentir a música ainda adolescente nos primeiros acordes de rock, bossa nova e blues na sua cidade do Mindelo antes de encontrar seu estilo próprio. Ainda no início da carreira integra com alguns amigos o "Refilon", um grupo que, "modéstia à parte, na época foi a melhor formação", afirma este "mucin" de São Vicente que hoje vive exclusivamente da música.

Após apresentarem-se em diversos espectáculos nas terras lusas, incluindo o Festival de Músicas do Mundo de Sines, e também em Espanha, Bilan deixa o "Refilon" para seguir outros caminhos e abraçar nova forma de tocar. Nisto resultaram dois trabalhos discográficos, na sua maioria com músicas originais e em crioulo.

O seu mais recente trabalho, "Ilha", é também, como o primeiro, uma edição do autor que começou a ser gravado em Julho de 2011. "Faço e produzo em nome próprio porque acredito no meu trabalho", afirma convicto este músico que ainda não tem uma máquina promocional ou grandes editoras a investir na sua carreira, mas que tem seu talento reconhecido em círculos mais restritos.





"Aqui neste meu universo musical um tanto ou quanto condicionado tenho conseguido parcerias com artistas consagrados e participações em festivais, apesar de ainda não ser convidado para nenhum em Cabo Verde", diz-me.

Uma destas parcerias foi com o maliano Madou Sidiki Yabaté, um ilustre membro de uma família griot, ou contadores de história, que vêm passando os segredos e a técnica da kora desde o século XIII. A mistura deste instrumento musical maliano com a guitarra e voz crioula no espectáculo "Sur le Níger 2011" resultou numa gravação ao vivo da versão "Sodad", na Casa da Música, em Lisboa, e um convite para participar em dois espectáculos no Mali.

Após vários concertos ao vivo, Bilan sentiu que é chegado o momento de entrar no estúdio e gravar novamente. O álbum, que contém oito faixas, deve estar no mercado ainda este mês de Junho; entretanto o single "Selva" com seus vários experimentos já está disponível na Internet para ser apreciado.

"Existe um mundo fora dos ‘Cabo Verde Music Awards’ no qual me tenho movimentado. Procuro que a minha música se disperse ainda por estes diversos canais que dispomos hoje em dia para que seja ouvida por um maior número de pessoas possível", afirma.

A apresentação de Bilan aconteceu com "Ar/Água", um EP, ou seja, uma gravação mais longa que um single mas também mais curta que um álbum. Lançado em 2009 e produzido por Bilan e Pedro Vidal - músico de bandas portuguesas como os "Blind Zero" e Jorge Palma - o trabalho contém cinco canções, sendo quatro originais, e as críticas foram muito positivas.



 
Sodade by Sur Le Niger, Casa da Música, 2011 from Mic Attack Studios on Vimeo.


Assim que lançou o EP, a conceituada publicação musical canadiana "Soundprouf" teceu largos elogios ao artista e numa escala de 1 a 5 valores deu-lhe nota de 4,5. "Uma fusão de estilos cabo-verdianos e português com jazz latino e infundido por uma guitarra indie-rock mostrou-se uma mistura que eu não sabia que existia, mas que estou feliz por ter esbarrado nele", escreveu a revista que considera Bilan um cantor e compositor que soa como um "monte de coisas" ao mesmo tempo.

Bilan tocando baixo no Festival de Musa ( Cascais, Junho 2012)
Os dois elementos que dão título ao EP representam a mistura de estilos que é esta experiência acústica mesclada de estilos e influências, por isso que "Ar/Água" viaja entre sons de músicas como "Água Quente", com a sua toada bossa-nova, faz a ligação com a sua proposta de afrobeat crioulo no "Dia d’Manha" e sem receios experimenta ainda uma melodia mais suave na sua versão de "Papá Jukim Paris", a música eternizada por Cesária Évora.

Em 2009 o jornal português "Público" avisava que convinha estar de olho neste cabo-verdiano. "É um tradicionalista renovador, no mesmo sentido que o foram, no Brasil de 1960, os tropicalistas. Ou seja, há na sua música mornas e coladeras (devidamente "sambadas"), há essa tradição contadora de histórias e ritmos, mas também uma vontade de trazer essa memória até ao presente", escrevia o jornal que prenunciava um futuro "muito interessante" ao artista que agora procura ser reconhecido em Cabo Verde com a apresentação de "Ilha", seu mais recente lançamento.


Para ouvir as músicas de Bilan click aqui ou visite: http://www.myspace.com/bilansong


  1. Bom artigo que faz jus a um artista inovador no panorama cabo verdiano, mas também no mundo! Oxalá que Cabo Verde reconheça aquilo que ambos reconhecemos!

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