Menina de Salamansa usa Facebook para pedir ajuda | Dai Varela

27 de maio de 2011

Menina de Salamansa usa Facebook para pedir ajuda

Hélia Genuína Monteiro de Jesus
Hélia, uma criança de dez anos, da aldeia de Salamansa, precisa de uma prótese no olho e resolveu colocar o seu pedido de ajuda na Internet. Através do Facebook pede para que os cabo-verdianos e pessoas de qualquer parte do mundo a ajudem a custear as despesas de deslocação e tratamento em França. “Já são várias as pessoas que querem saber como ajudar”, conta a professora da menina de Salamansa.


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“Eu sou Hélia Genuína Monteiro de Jesus, tenho dez anos e preciso de ajuda”. Assim começa a carta escrita por essa menina da aldeia piscatória de Salamansa, ilha de São Vicente, e que circula na rede social Facebook. Hélia perdeu um olho numa brincadeira de crianças e hoje procura apoio para colocar uma prótese ocular, que muita falta lhe faz, designadamente, por causa dos estudos.






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O incidente, que lhe custou um olho, aconteceu quando Hélia tinha 14 meses de idade. Mas ainda hoje se emociona ao falar do sucedido. “Dois irmãos meus estavam a brincar quando um deles, inadvertidamente, julgando que estava a apanhar uma pedra, apanhou um pedaço de vidro e arremessou, acertando-me no olho”, conta. Isso aconteceu em 2002 e a mãe de Hélia, Amélia dos Santos Monteiro, procurou por ajuda em todos os lugares.

Desencadeou-se, então, uma espécie de campanha de solidariedade que culminou com a viagem de Hélia à França, onde recebeu uma prótese ocular. Amélia não sabe quanto custou a viagem e o tratamento, sabe apenas que a filha precisa de novo tratamento e prótese. “Da primeira vez, através da Comunicação Social, conseguimos juntar o suficiente para a viagem”, lembra.

BULLYNG?

A prótese de Hélia deve ser mudada a cada dois anos, mas já lá vão quase oito anos sem que isso tenha acontecido. Hélia queixa-se dos sintomas adversos desta situação, daí a urgência do tratamento. “Muitas vezes, ela passa por tanta irritação na escola que eu tenho de a ir buscar no intervalo”, diz a mãe.

Amélia Monteiro (mãe) e Helia
Esta também conta que muitos dos colegas da filha não se comportam da melhor forma em relação à deficiência de Hélia. “Muitos gozam e troçam por causa do defeito, o que muitas vezes a faz chorar”, denuncia. 
Amélia Monteiro, 43 anos, é mãe de cinco filhos, sendo que Hélia é a codé, ou seja, a mais nova. Doméstica, vive do dia-a-dia e as contas da casa são partilhadas com o pai de Hélia que é ajudante de pedreiro. A família vive em Salamansa, é humilde, não tem os meios financeiros que lhe permita fazer a viagem a França e muito menos custear o tratamento da pequena Hélia.


FALTA DE ÂNCORA

Helia na sua escola em Salamansa
Pouco instruído, outro problema do casal é a falta de alguém para fazer os contactos e organizar os expedientes. “Nós não sabemos a quem recorrer”, lamenta Amélia. Da vez anterior, foi a Associação dos Deficientes Visuais de Cabo Verde (ADEVIC) que, em parceria com uma entidade congénere na França, auxiliou com os expedientes pelo que voltaram a falar com a associação. Esta, reconhece Amélia, faz o que pode.

Tanto assim que a ADEVIC conseguiu uma consulta com médicos da Alemanha que vieram há pouco tempo a Cabo Verde e eles recomendaram que Hélia deveria “ficar sob observação”, e que, da próxima vez que regressassem, iriam avaliar a situação.

“Mas infelizmente ainda não voltaram e a informação que temos é que a Associação já foi extinta”, explica Amélia, cheia de tristeza. “Sinto-me muito triste porque sou mãe e causa-me muita dor ver a situação da minha filha. Embora não tenha sido nada propositado, pois foi uma brincadeira entre irmãos, hoje ela sofre muito por causa do incidente”, desabafa.


INFO-EXCLUÍDA

Salamansa, onde Hélia e a família residem, é uma zona piscatória e pobre de São Vicente, com vários problemas sociais. O povoado tem até dificuldades na recepção do sinal da TCV, quanto mais acesso a Internet. Por isso, lançado o apelo no Facebook, Amélia Monteiro diz não fazer ideia de qual tem sido a reacção das pessoas. Aliás, desconectada deste mundo da Internet, esta “info-excluída” desconhece como se abre um computador ou o que é o Facebook, mas gostou imenso da iniciativa. Esta partiu, na verdade, da professora de Hélia, de nome Cláudia Virgínia, que a acompanha desde a primeira classe.

Até agora, Hélia tem estado bem, salvo nos momentos em que “ela se queixa de dores de cabeça”, revela Cláudia Virgínia. “Nesses momentos, procuro dar-lhe atenção e reconfortá-la. Se a dor persiste, pouca coisa posso fazer, além de levá-la a casa da mãe para que ela coloque um pouco de água fria porque, às vezes, o olho fica muito ressequido”, explica.

A professora tem notado, outrossim, que em Matemática, Hélia tem decrescido um pouco, mas como “é uma aluna dedicada”, com um pouco mais de empenho, tem conseguido recuperar. “Acredito que se não tivesse esse problema de visão, Hélia poderia ser mais aplicada”, diz Cláudia Virgínia.


MOTIVAÇÕES PARA O APELO

A iniciativa de recorrer ao Facebook surgiu por acaso, conta também aquela professora: “Foi no primeiro dia deste trimestre escolar que Hélia fez uma cartinha na aula de Língua Portuguesa. Começou pintando umas flores, com o título: ‘Pedido de ajuda’. Depois chegou perto de mim e perguntou: ‘Professora, posso entregar-lhe uma declaração para entregar nos lugares onde se entregam declarações?’”

Carta escrita por Helia
Quando a professora leu a cartinha ficou tão sensibilizada, pelo que, na hora, os olhos encheram-se-lhe de água. “Nesse momento, disse-lhe que a iria ajudar e perguntei-lhe se podia ficar com a cartinha. Ela concordou com a condição de que eu a entregasse nos lugares onde se entregam declarações”. Cláudia Virgínia diz ter ficado tão triste com o pedido que nem corrigiu a carta antes de mostrá-la aos colegas, que também ficaram sensibilizados.

A ideia de colocar o pedido no Facebook partiu de uma outra professora, que também teve contacto com a carta de Hélia. A intenção era aproveitar do potencial do Facebook como uma rede que junta milhares de pessoas para divulgar o pedido e encontrar ajuda de caboverdeanos e não só.

“Um dia depois de colocada a carta no Facebook, começaram a aparecer pessoas procurando por mais informações sobre Hélia”, revela Virgínia, segundo a qual há pessoas em Cabo Verde e no estrangeiro “a quererem saber como fazer para ajudarem”.


Publicada (também) no Jornal A NAÇÃO


O portal SAPO.CV já tem um forum onde pergunta as pessoas: Caso Hélia: Qual o papel do Estado?

  1. josé augusto pereira nunes27 de maio de 2011 às 01:32

    retirado do forum da SAPO.CV

    o estado deveria ajudar as pessoas mais necitadas até porque aqui em portugal é a mesma coisa , eu tambem nao tenho o olho direito e já utilizo uma protece há 42 anos e sei o que essa menina quando for mais qrescida vai sofrer de desgosto se nao tiver uma proteses que lhe conponha a cara , se eu tivese posses quem a ajudava era eu até porque conheso salamansa e muita gente de salamansa que eu de dois em dois meses vou ai a cabo verde e quando ai estou todos os sabados vou a salamansa vender fruta numa carrinha branca

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  2. retirado do forum da SAPO.CV

    Devemos ajudar ! Todo o Caboverdiano fica sensivel a situacoes desta , mas ao mesmo tempo revoltado ... se gasta milhares de contos em festivais por todo o cabo verde , e com artistas internacionais , enquanto que o INPS so preocupe com os 17% e nao com o contribuinte ,os politicos so soltam a lingua na epoca de campanha ,as ONGs nacionais so na TCV , ... ESTAMOS ganhando corpo e perdendo alma , ... sensivel mas egoistas....

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  3. retirado do forum da SAPO.CV

    O Estado é assistencialista.Também mendiga padrinhos para os beneficiários do ICASE,mendiga junto das empresas para pagamento de kits escolares, mendiga o pagamento das propinas a crianças carenciadas, apesar de o ensino básico ser obrigatório. É este o estado social que nós temos. Ê "duedu".
    O Nuías e os barões de "double" salários que se pronunciem.
    "Bianda sabi ka ta dura na boca. Un dia certo povo ta cansa e ta abri odju"

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  4. retirado do forum da SAPO.CV

    O nosso Estado é promotor da mendicidade

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  5. retirado do forum da SAPO.CV

    Cabo verde tiene muchos convenios con países de diferentes partes del mundo , pero en especial cuba, envíen una propuesta a la embajada cubana en cabo verde y ellos responderán afirmativamente , según las posibilidades,por cuanto cuba tiene convenios con Venezuela sobre la atención a estos problemas,seguro el costo va a ser menor, .... una solución .

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  6. retirado do forum da SAPO.CV

    Pois é uma boa pergunta, mas nós os cabo-verdianos dependemos da boa vontade das pessoas porque se for só pelo GOv....xiiii

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  7. retirado do forum da SAPO.CV

    Acho que o Estado nâo poderá tudo fazer nesse campo, sendo por isso definido os procedimentos que geralmente passam pela Junta Médica, o quanto posso nao saber disso. Mas considero também que cabe ao Estado criar mecanismos e procedimentos mais claros para caso deste tipo, pois nâo é lá muito normal uma criança desta idade, com um problema tamanho, andar quase a mendigar, passo a força da expressao, para poder ter acesso a um tratamento essencial, estruturante na sua vida, pois ira definir se no futuro será uma pessoa normal ou um portador duma deficiencia, que fará dele um eterno dependente do Estado. Haja mais estado para situaçoes deste tipo. Um abraço para HELIA, na esperança que tudo h+a de resolver!!!

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  8. retirado do forum da SAPO.CV

    ADMIRA-ME CABO VERDE, APROVADO COMO PAÍS QUE INVESTE MAS NAS CRIANÇAS.
    O ESTADO ATRAVES DAS SUAS INSTITUIÇÕES (INPS CENTRO ACIONAL DE PENSÕES) NÃO PODER AJUDAR ESTA CRIANÇA

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  9. retirado do forum da SAPO.CV

    A direcção geral da solidariedade, o INPS, deviam fazer algo por essa flor. Imagine quanto dinheiro tem o INPS com contribuições excessivamente superiores às prestações, julgo pois vejo o relatório. Mesmo se o Gov não pode fazer tudo, em casos extremos deveria agir. Deve-se ter grande cuidado com a sua saúde em CV pois o atendimento é mau e consultas nas clínicas são caras. em casos de força maior, admitimos que faz paste da vida e quem pode, ajuda!!!

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  10. retirado do forum da SAPO.CV

    INPS,ADEVIC,GOVERNO,MINISTERIO DE SOLIDARIEDADE e entre outros.

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  11. retirado do forum da SAPO.CV

    Podia-se criar um FUndo -
    Mutualidade de Saúde, podendo o Estado comparticipar numa 1ª fase. As familias farão adesão ao fundo pagando um prémio anual. As coberturas terão lugar 1 ano após a subscrição, designadamente:
    - Internamento, despesas de saúde, etc

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  12. retirado do forum da SAPO.CV

    Paké pa guents kume dinero tudo?

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  13. retirado do forum da SAPO.CV

    É com pesar e tristeza profunda que se assiste a casos destes num Pais que se diz PDM. Pais onde os Impostos são cada dia mais elevados e o poder de compra dos Caboverdianos é, cada dia que passa, mais precario. Como dizem e be, Pais onde o sistema de saúde é deficitário. Temos um INPS que a cada dia que passa vai investindo e mais, com o dinhero dos contribuintes, temos um ESTADO, melhor(mente) falando - passa a expressão - um GOVERNO, vive, e bem a custa do Povo, com beneficios de renda de casa, etc, etc. Logo, se se pensar bem na definição de IMPOSTO ao Estado, que seria a distribuição de Riquezas para todos, conlui-se: Em situações desta Natureza, deveria ser o GOVERNO (ESTADO) a custear essas situações. Não digo que a sociedade não deveria ajudar, a questão é como, se a mesma esta endividada até ao pescoço. Mas sinceramente, doí muito situações do tipo e lembra-me um colega meu de Escola - do Liceu em S.V - que teve um acidente na Aula de Ginastica, sem ajuda acabou por falecer.

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  14. retirado do forum da SAPO.CV

    No nosso pías o Governo procura saber dos pobres só na época das eleições, passando esse tempo ninguem lembra dos pobres e principalmente das crianças. De realçar que na época das campanhas beijam todas as crianças mesmo com "ranho no nariz".
    Essa é a nossa realidade.

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  15. retirado do forum da SAPO.CV

    Estado podia pelo menus custeaba ku metade:... ou ku 30%

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  16. Eu não tenho muito, mas do pouco que tenho quero poder ajudar. Mas preciso de mais informações como é que ela esta actualmente ? E também do numero de telefone de um dos encarregados de educação da menor para poder ligar para confirmar tudo como é normal. Eu realmente quero ajudar, especialmente a divulgar o vídeo mas preciso destas informações. Um abraço e Deus vos Abençoe

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