David Derrubou o Gigante (crítica de F16 à Batchart) | Dai Varela

22 de outubro de 2012

David Derrubou o Gigante (crítica de F16 à Batchart)

Esta análise ao álbum "Wikileaks" do rapper crioulo Batchart é da autoria Alfredo "F16" Pina, um dos jovens que mais respeito na análise de temas da juventude. 



David Derrubou o Gigante


F16 e Batchart
Há alguns meses estive no centro das atenções por responder ao “dito artista defensor da cultura Cabo-verdiana” a propósito da sua ignorância em relação ao Rap e à juventude Cabo-verdiana. Respondi com tanta emoção, sobretudo com revolta e raiva. Alguns chamaram-me atenção, incluindo o meu “Tutor Político”, que não devemos responder para humilhar como fiz, mas apenas contrapondo ideias. Devo confessar que ouvi a chamada de atenção, mas não arrependi. Arrependi sim, no dia que ouvi o Álbum Wikileaks pela primeira vez. A sensação foi de algo superior, de algo espectacular, de algo intelectual que me apeteceu apagar da consciência de todos a minha resposta àquele Senhor e apenas lhe enviar um CD do Batchart como resposta. Este CD tem a resposta que lhe queria dar, tem tudo o que realmente queria dizer. Este CD é a supremacia da juventude e do rap cabo-verdiano face a ignorância e presunção.

O RAPPER

Quando ouvi o flow do Bacthart lembrei-me de rappers do underground como Mos Def, Talib Kweli, KRS-one, Cormega,Common ou Kanye West (este mais comercial). A energia de KRS-One, a emoção de Cormega, o talento interventivo de Mos Def e Talib K e elegância das rimas de Common e o rap intelectual de Kanye West, provando que cantar o Rap não é necessário ser Thug ou ter vários problemas. Fica-me difícil realmente classificar Bacthart pela sua versatilidade, conseguindo reunir vários elementos dignos de ser traduzido por duas palavras: TALENTO PURO. Até ao final desta note decidirei como classificar o Batchart.



CONTEÚDO

Quando conheci este jovem no mundo profissional tive a sensação de estar a frente de um jovem diferente pelas conversas que tínhamos. Até que um dia abro o Jornal e dou de caras com Edson Silva aka Batchart afirmando: “EU QUERO SER MINISTRO DA JUVENTUDE”. Aí sim, tive certeza de que era diferente e que tinha algo de especial. Ouvindo o álbum Wikileaks, a primeira grande diferença que notei foi o facto de não existir um único palavrão, nem um m##da, nem um p###a. Um RAP “CLEAN”.

Batchart é o "NAS crioulo"
Outra grande constatação é o facto de ser um rapper interventivo não critica apenas o sistema, chamando também à responsabilidade a juventude. Criticar, destruir é mais fácil que reconhecer e construir pelo que todos que querem atingir as massas focam na criticam destrutiva. Mas, Bacthart foi destemido e mostrou as necessidades de melhorias do “sistema” bem como da postura e atitudes da nossa juventude. Atitudes que devem partir do seio da juventude para mudar de comportamento a alguns males como a Violência, com coragem para dizer que os que perdem a vida nos gangs não são santos como se diz após a morte e que é preciso um grande trabalho social, mas também que a repreensão policial exagerada não é o caminho.Em tudo isso, reflecte que são necessárias melhores políticas públicas para o combate ao desemprego, a violência, mas também uma introspecção e melhoria da nossa Juventude. Melhor gestão pública e EMPREENDEDORISMO JUVENIL, APROPRIAÇÃO DO NOSSO FUTURO, MAS HOJE, AGORA!!!.

("Kontraste"; "Jov.Em.Tud".; "Ma tonte meste morre")



Falando em nova postura da Juventude, ele vai a fundo e de modo espectacular alerta e sarcástico aponta para a consciencialização que o alcance do sucesso não é feito de qualquer forma, por qualquer meio, A nossa alma, a nossa consciência, os nossos valores, os nossos sonhos, as nossas metas sofrem tentação diária de várias formas (pessoas, dinheiro, ganância, ambição desmedida representam Satanás utilizado aqui como figura de Estilo), mas sim o T.O.P chega-se com Tentativas, Objectivos e Persistência. Igualmente, mostra que a força do Cabo-verdiano vai além das dificuldades, aliás nascemos em meio de dificuldades, mas a nossa alma, a nossa fé, a nossa vontade é maior. ACREDITE, DAVID DERRUBOU O GIGANTE. (“vendem bo alma”; “ Es é pa Bo”).

Todavia, há um senão em assumir essa mentalidade vencedora. No momento em que se assume essa mentalidade aparecem os inimigos do Sucesso, aparecem coisas passadas, aparecem mais dificuldades. Batchart nos dá a solução para eliminá-los e nesta “Second Life” não há espaço para este tipo de coisas. Agora é fazer força e” Figa Canhota” rumo ao sucesso. ( Second Life; Figa Canhota)


Este álbum para além de focar a nossa geração preocupa com a geração seguinte chamando atenção à manipulação mental que sofremos que é preciso evitar na próxima. Somos mentalmente entupidos com mensagens subliminares e mentiras da “Tell.Lie.Vision”, e protótipos de beleza, de magia, de vida perfeita, de ideais do “Mund Encantod” que se não alcançarmos tornamo-nos infelizes. Há outros interesses por detrás de todo esse marketing que lucra com ideias pré-concebidas.É preciso ter coragem, é preciso estarmos alertas para nos munirmos de conhecimento e podemos cuidar do que transmitimos às nossas crianças, que na maior parte das vezes ocupamos com Televisão e Bonecos animados. Batchart nos fez o especial favor de nos alertar. UMA MENTE DIFERENTE.

Um homem com ideias próprias e que as defende, mostrando as suas ideias sem medo de ferir susceptibilidades, primando para a consciencialização e busca constante do conhecimento.("VatiKKKan").

Por fim, músicas mais suave como o espectacular “Sikatriz” que nos obriga a pensar que marcas queremos deixar nas pessoas ao nosso lado , e "Xuá" um grito de apoio ao desporto nacional.

Um álbum de se ouvir" de fio a pavio".


GIGANTES DERRUBADOS

"Batchart leva o rap a outro nível"
Batchart acaba com a ideia de rap tem de ter palavrões, ou agressividade, trazendo inteligência, rimando não só o que nos rodei, mas igualmente soluções. RAP TEM CONTEÚDO!

Este álbum derruba o meio de Vitimização da Juventude como forma de protesto. PODER DA JUVENTUDE.

Desfaz o mito que para ser rapper é preciso ser “gangster”, trazendo-nos um rap inteligente e visionário. CLEAN RAP.

Leva o rap a outro nível e afirma este estilo como sendo parte da cultura do Jovem cabo-verdiano. RAP É ARTE.

Li algures que Bacthart é a nova revelação. Eu diria que não é uma revelação, é sim uma Exaltação do Poder da nossa Juventude, é Exaltação da cultura, é Exaltação da ARTE de rimar Ideias, problemas e soluções. Assim que o CD estiver pronto não hesitarei em enviar uma cópia à Sra. Ministra da Juventude e ao Sr. Ministro da Cultura.

Batchart, permita-me, de entre muitos grandes nomes que citei, a tua inteligência, o teu “flow”, as tuas letras, a tua visão me fazem caracterizar - te como o “NAS Crioulo” (“NASart”).

PS: CVMA, RED CARPET FOR THE 2012 BEST CV RAPPER!

Texto da autoria de Alfredo "F16" Pina


  1. Axo k o lancamento foi dpois da data d aceitacão. Mas tens d consultar os regulamentos.

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