[Desafio Criativo Nº3] - O Coleccionador de olhos | Dai Varela

19 de abril de 2012

[Desafio Criativo Nº3] - O Coleccionador de olhos

A cidade do Mindelo estava passando por um período de terror, período este em que nenhuma mãe ousava deixar as suas filhas virgens saírem de casa a partir das 19 horas. 

Quando o relógio batia dezoito horas, as ruas eram repletas de pessoas correndo para as suas devidas casas com medo de serem as próximas vítimas do coleccionador de olhos. Rumores diziam que ele matava somente moças virgens. Mas, quem sabe se poderia matar aqueles que as acompanhasse? Era hábito matar duas virgens por noite, segundo contavam os mindelenses. Violava brutalmente e depois arrancava os seus olhos. 

Nhô José, o delegado da cidade, por meses a fio esteve à procura deste desgraçado que não deixava a população de São Vicente andarem sossegados pelas ruas. Todos tinham saudades dos tempos em que ficavam a beira das suas casas contando histórias engraçadas, ou a falarem mal de algum vizinho que as tinham incomodado durante o dia. O delegado era conhecido como alguém empenhado em resolver os casos mais intrigantes da cidade, só que o coleccionador de olhos era super rápido, inteligente e não deixava rastos nos seus crimes. Ele colocou um policial em cada esquina da cidade mas na mesma havia crimes dia após dia. 

Certo dia o coleccionador de olhos, com o intuito de incriminar o delegado, entrou na delegacia às sete da noite. Sabia que neste horário não havia ninguém ali. Todos os policiais estariam nas esquinas a espera do coleccionador de olhos. Entrou na delegacia e usando um pano para não deixar suas digitais, roubou a arma da gaveta do delegado. O assassino esperou que as filhas do polícia saíssem de casa no dia seguinte e matou-as deixando a arma no local do crime. 

O delegado ficou horrorizado com a situação mas ao mesmo tempo ficou contente pois ele tinha deixado pela primeira vez um rasto que permitiriam com que ficassem a saber quem era o criminoso. Ao analisarem a arma chegaram a conclusão que ela pertencia ao delegado e de facto na hora do crime ele disse que iria para a casa descansar e como não houve ninguém que confirmasse a história ele foi condenado a 25 anos de prisão. 

E a paz voltou para os mindelenses pois já fazia algum tempo que nada de mal tinha acontecido. 

Eu e a minha amiga, Genuveva, numa tarde de Julho fomos a Praia Grande explorar uma gruta. Quando chegámos lá tudo era escuro e eu com a minha lanterna iluminava aquela enorme gruta que parecia muito medonho e de repente a Genuveva exclamou com uma vozinha tremula: 

-Irene, olha! 

-O quê? Perguntei com ar preocupada. 

- Olha tantos olhos, fiquei perplexa perante aquela situação e sem mais demora saímos dali antes que o doido chegasse e desse um jeito de nos matar. Mas precisávamos de mais provas, então resolvemos ficar a espreita para tira algumas fotos do sujeito e assim poderíamos libertar o delegado e por conseguinte colocar o verdadeiro assassino na cadeia. 

E assim aconteceu o coleccionador de olhos foi preso e Mindelo voltou aos velhos tempos. 


OBS: este texto é da autoria de Stephanie da Luz e faz parte do Concurso de Escrita Criativa


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