Zox, alto, forte e de olhos castanhos, numa das suas escavações na procura de sinais de antepassados encontrou um livro muito antigo. Capa clara onde figuravam dunas branquíssimas de uma beleza contagiante; belas morenas, flores e lá ao fundo algumas montanhas imponentes. Por cima, em letras garrafais encontravam-se as inscrições: A morabeza das ilhas crioula. Aquela descrição deixou-o confuso.
De todos os anos de experiência como antropólogo e investigador, nunca havia descoberto algo assim. Zox, que era curioso e fascinante, ficou intrigado. Logo buscou livros onde pudesse saber mais sobre o que acabara de descobrir. Meses depois da sua pesquisa com seu espírito aventureiro e valente, entrou num barco e viajou através das coordenadas que tinha. Queria ver com seus próprios olhos o que acabara de descobrir. Estava em 2090, e muita pouca coisa restava sobre a terra. Alguns países conseguiram sobreviver a um grande período de seca, fome e guerra. Praticamente tudo o resto havia desaparecido.
Nas coordenadas certas, sentia que estava perto. Já começava a desenhar na sua mente as belas paisagens que vira no livro, e claro as morenas… e a morabeza. O que era esta morabeza?
Zox tinha certeza que quando pusesse os pés naquelas terras crioulas iria descobrir. Qual não foi seu espanto quando alcançou a primeira ilha: nem areia, quanto mais dunas. As montanhas estavam destroçadas e desengonçadas. Mas ele ainda pensava nas crioulas e na morabeza. Saltando de ilha a ilha, a sua esperança ia diminuindo. Até que chegou à Sinta10. À beira mar encontrava-se um senhor já velho com os cabelos grisalhos.
Era Nhô Chico, o último habitante daquele país. Mostrou-lhe o livro que encontrou do seu país. O velho com um olhar melancólico e lágrimas a escorrer nos olhos disse: aconteceu um desastre. A nossa morabeza foi-se, e com ela toda a beleza das nossas ilhas. Zox, que não ficou muito convencido disse-lhe que queria então que lhe explicasse apenas essa palavra mas na língua que agora dominava o mundo. Eis que Nhô Chico lhe responde num inglês rudimentar: Morabeza era a nossa essência, a música, a saudade. Morabeza eram as nossas crioulas, uma diferente da outra, mas todas únicas. Morabeza eram as nossas praias de areias brancas e negras, as montanhas fortes e imponentes, a simpatia e acolhimento. Morabeza eram as flores, a diversidade cultural, a dança. Morabeza era aquilo que nos distinguia, que nos fazia únicos. Mas isso acabou e não há mais aquele Cabo Verde…
OBS: este texto é da autoria de Carla Gonçalves e faz parte do Concurso de Escrita Criativa
as nossas criolas sao sim a verdadeira morabeza das ilhas.. texto lindo
ResponderEliminaré muito criativo adorei ,ainda mais porque tem haver com a nossa cultura que é uma boa iniciativa.
ResponderEliminarGostei muito do texto....
ResponderEliminargostei muito do texto.... boa criatividade......)
ResponderEliminarAxo que ja dizeram todo, ja sabes o que penso sobre a sua criatividade e da forma como escreves....... Tens um jeito unico e escreves muitissomo bem
ResponderEliminarExcelente iniciativa do blog e excelente texto Carla.
ResponderEliminarobrigada Jailson
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