Comandante dos “Ninjas”: Jovens reconhecem que não ganharam com a violência | Dai Varela

15 de fevereiro de 2012

Comandante dos “Ninjas”: Jovens reconhecem que não ganharam com a violência

Roberto Fernandes é o Comandante dos popularmente conhecidos “Ninjas” e um dos promotores dos encontros entre jovens em conflito com a lei em São Vicente. Nascido na zona de Cova (Monte Sossego), local onde há pouco tempo havia um “gang” activo, Fernandes usou essa proximidade para criar encontros como cidadão e partilhar suas experiências de vida. 


Comandante Fernandes recendo o prémio
Criatividade para os "Ninjas"
na Gala Mindel Prémios
Juntamente com Frei Silvino Benetti, Roberto Fernandes já conseguiu alcançar uma espécie de trégua da violência entre vários dos grupos existentes. Mesmo assim, o Comandante da Brigada Anti-Crime (BAC) e da Brigada de Investigação Criminal (BIC) reconhece que é preciso os jovens estarem com esta vontade de mudar para ter resultados. 

“Muito do trabalho já estava feito porque os próprios jovens sentiram a necessidade de terem maiores liberdades de movimento dentro da cidade do Mindelo”, explica Fernandes que encontrou jovens no seio dos grupos que não podiam andar sozinhos ou que estavam impedidos de frequentar a zona do grupo rival. 

“Durante os encontros alguns disseram que quando eram chamados para apresentarem-se no Comando da Policia, saiam de Monte Sossego desciam a Avenida da Holanda e passavam pela Marginal, sempre acompanhados, evitando desta forma passar pela rotunda da Ribeira Bote onde estão elementos de um antigo grupo rival.” 

Os próprios jovens já sentem que
estão a perder com estes actos
Os encontros que ocorrem em lugar neutro são feitos com os jovens em círculo onde cada um tem a palavra para compartilhar a sua opinião. “Eles mesmo reconhecem que não ganharam nada com isso, aliás, admitem que perderam muitas coisas com este comportamento que pode levá-los para a cadeia ou cemitério”, conta o Comandante afirmando que muitos aproveitam para pedir perdão e perdoar seus actos de violência anteriormente cometidos. 

Actualmente esses jovens já frequentam as actividades nas zonas onde antes não podiam passar e alguns elementos abandonaram este estilo de vida. Mas ainda há problemas porque alguns desses conflitos terminaram em ferimentos e mortes como foram os casos dos jovens Tucim, Richard, Tadi e Kelvin. “Conseguimos chegar a uma trégua da violência entre alguns grupos mas ainda falta-nos convencer o grupo de jovens da Ribeirinha que estão em conflito com os das zonas de Chechénia e com os da Ilha de Madeira”, conta Roberto Fernandes. 

Este alerta para a realidade de haver vários elementos com trabalho e integrados nas famílias que pertencem a esses grupos. “É preciso analisar os problemas sociais que os levam à delinquência e que são complexos para poder-se traçar um plano de acção”, termina. 


Crimes em São Vicente em 2011 (dados da Policia Nacional) 

Contra pessoas - 1.264 casos 

Homicídio – 3 casos 

Ofensas corporais – 661 casos 

Zonas com maiores índices de criminalidade contra pessoas: 

Centro da cidade, Ribeirinha, Chã de Alecrim, Ribeira Bote, Bela Vista/Pedra Rolada, Monte Sossego, Ribeira Bote/Ilha de Madeira e Ribeirinha/Chechénia. 

Faixa etária dos delinquentes: entre os vinte e um aos trinta anos



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