Hip-Hop Crioulo: O Movimento ainda está vivo | Dai Varela

9 de dezembro de 2011

Hip-Hop Crioulo: O Movimento ainda está vivo

Animadores de antena das rádios em Mindelo (São Vicente) falam sobre as músicas que chegam nos seus programas e do que falam estes jovens que fazem do Hip-Hop Crioulo uma forma de intervenção. O Movimento ainda não morreu, consideram, mas o futuro parece sombrio. 


Hip-Hop Crioulo: o Movimento ainda
não morreu, mas o futuro parece sombrio
A qualidade do Hip-hop crioulo aumentou vertiginosamente em comparação ao que aconteceu nos anos noventa quando Cabo Verde despertou para este fenómeno. Esta é uma opinião partilhada por três dos animadores de antena que mais hip-hop passam nas rádios no Mindelo: Rito Afonso na Rádio de Cabo Verde e RCV+, DJ Letra e Flávio “Pitbul” Fernandes da Rádio Morabeza. 

Nos idos anos noventa iniciaram aqueles que hoje são conhecidos como a “velha escola” do estilo. Nesses dias surgiram nomes como Ice Company, Bairro Norte, Black Side ou IPVI. Mas, de todos o único que conseguiu gravar foram os Balck Side. ”Por outro lado”, afirma “Pitbul”, “grupos com grande talento como ‘Ice Company’ não conseguiram gravar e isso criou a imagem de que os ‘Black Side’ foram o melhor grupo da “velha escola” quando não é bem assim. Eles tiveram foi a sorte de terem lançado o disco.” 



Mas o movimento nunca parou e foram vários os que continuaram a produzir. “Iniciamos o projecto Rappers Unidos em 1997 que pretendia organizar espectáculos musicais e foi projectado para dez anos. Durante essa década conseguimos realizar diversas actividades”, afirma DJ Letra que foi um dos fundadores deste evento. 


Desafio 

DJ Letra (Rádio Morabeza)
“Não vejo o nosso hip-hop com
futuro porque no presente não
vejo as pessoas a trabalharem
por este futuro”
“Foi lançado o desafio para que outras pessoas continuassem o projecto mas não apareceu ninguém por causa da falta de iniciativa dos jovens de Mindelo”, acrescenta DJ Letra que reclama da necessidade de criar-se mais eventos no Hip-Hop que não seja somente gravar uma ou duas músicas para passar na rádio. 

Esta inactividade é também notada por Rito Afonso que fala de um enfraquecimento do movimento Hip-Hop Crioulo em São Vicente. Aquilo que é notado por todos é que muitos jovens gravam singles ou mix-tapes das suas músicas para divulgarem sem esse conceito de movimento. “Já tivemos dias melhores com os grupos da “velha escola” com um real movimento hip-hop com contestação em São Vicente. Hoje muitos jovens por gostarem do estilo têm aproveitado para fazerem algumas músicas mas na maioria das vezes não é mais que isso.” 

Apesar disso este animador de antena reconhece que há quem tenha músicas que reflectem a nossa realidade social com “letras que denotam estudo profundo” e com temas que falam da centralização do poder, dos desmandos autárquicos e problemas sociais dos jovens. 


Consciência social 

Nas várias músicas passadas nos seus programas na Rádio Morabeza, DJ Letra afirma ter notado “muitas melhorias” em termos de mensagens e também no comportamento dos jovens na música. “Muitos estão preocupados em fazer música mesmo, não somente o rap, com um aprimoramento da mensagem com temas novos e interessantes”, diz este animador da rádio que fala de uma “consciência social desenvolvida” nos seus temas, abordando desigualdades sociais e desemprego. 

Rito Afonso (RCV e RCV+)
“Há espaço para o hip-hop
crioulo nas rádios”
Essas melhorias têm contribuído para que o Hip-Hop nacional tenha conseguido seu espaço nas rádios, tanto locais como nacionais. “Há espaço para o hip-hop crioulo nas rádios”, garante Rito Afonso que considera que este estilo, “quando criado de forma positiva”, consegue ajudar através das suas críticas mas também quando apresenta ideias alternativas para mudar o estado das coisas. 

Mas também chegam às emissoras músicas de fraca qualidade que “Pitbul” acede tocar porque entende que mente parada é oficina do diabo. “Passo essas músicas porque sei que esses jovens irão receber críticas nas suas zonas o que os fará melhorar”, defende este animador que acredita que se os fechar a porta e não deixar suas músicas passarem eles poderão procurar outras actividades que muitas vezes conduzem à delinquência juvenil. “Há que reparar nestas situações”, alerta. 


Estúdios musicais locais 

Pitbull (Rádio Morabeza)
“São Vicente é uma das principais
referências no Hip-Hop crioulo"
Uma das razões para que o Hip-Hop tenha alcançado uma maior maturidade e qualidade é o surgimento de estúdios de música semi-profissionais no seio da própria comunidade de rappers. “São Vicente é uma das principais referências no Hip-Hop crioulo e alguns dos melhores grupos e MC’s estão aqui nesta ilha”, afirma “Pitbul” e aponta nomes com Expavi dos ‘Hip Hop Art’, Jaime, ex-integrante dos Bairro Norte e também o grupo ‘Lod Escur’ como uns dos grandes impulsionadores deste estilo através dos seus trabalhos nos seus estúdios. “Temos estúdio até na zona rural de Ribeira de Vinha com os rapazes do ‘Da Vinha Produções’. Ou seja, isto proporciona outra qualidade daquilo que sai no mercado para as pessoas ouvirem”, diz “Pitbull”. 


O futuro do Hip-Hop Crioulo 

Rito Afonso acredita na melhoria do estilo mas também reconhece que apesar do hip-hop ser o mesmo em todo o lugar ele deve ser adaptado à realidade de cada país ou mesmo de cada região. “Um dos grandes problemas é quando queremos imitar o hip-hop americano porque esta é uma realidade completamente diferente da nossa. Temos que ser originais”, recomenda Afonso. 

Enquanto “Pitbull” fala de um “bom futuro” ajudado pelo contributo dos estúdios no Mindelo, o seu colega da Rádio Morabeza não tem uma boa perspectiva do seu destino. “Não vejo o nosso hip-hop com futuro porque no presente não vejo as pessoas a trabalharem por este futuro”, afirma DJ Letra que nota no entanto que algumas pessoas estão a ganhar estatuto neste meio e que “podem vir a ajudar e torná-lo mais respeitado” mas que para isso é preciso alguma união entre os rappers crioulos. “O problema é que isto não está a acontecer”, termina. 





  1. bom maatéria.
    Ami nta acredita ma rap krioulo ten futuro sin, odja rap krioulo undi ki sta oji, novu geraçon ten 90% di rap na ses obido, ao contrário de antigamente ki era 1 cena reservado, poku alguém ki ta obiba, ou daba importância. Ku beef HHK engloba maz jovens e exclui guentis maz grandi. Atualmente na CV maioria de rap ki bu ta obi é rap consciente, bons mensagem, evoluçon. Ami komu rapper nta fazi tudo pa leba nos movimento mas riba i nsaba ma sima mi ten tcheu rapaz, tcheu propi, nton ka ta odja modi ké ka podi ten futuro. Hoji nu ten rap na lojas, bu ta passa na lojas de múscia bu ta odja álbuns di rap la, si keli é ka klaru, nka podi imagina modi ki prisenti i futuro ta ser "sombrio"...

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