Achômetro Nº 7 - Acho que eles estavam preparando uma Revolução | Dai Varela

17 de julho de 2011

Achômetro Nº 7 - Acho que eles estavam preparando uma Revolução

Depois das notícias de roubo de armas nos quartéis de Cabo Verde começaram a surgir revelações inquietantes sobre acções criminosas de militares e ex-militares que são no mínimo preocupantes e dignas serem estudadas e controladas. Devo dizer que sempre mostrei resistência em aceitar o modelo como a nossa tropa trabalha: formar jovens para estarem preparadas para a guerra com técnicas de assassinato e manipulação de armas de combate para depois lançá-los na sociedade frustrados com as condições vividas nos quartéis e com uma frustração maior perante as condições que os espera no nosso mercado de trabalho. Insisto, sou contra esse sistema que forma guerreiros e os lança no meio da civilização.

Sabemos que este sistema não está construindo uma juventude melhor quando, pelo menos, 48 ex-militares lideram ou integram grupos de marginais acusados de serem os autores de muitos dos crimes violentos ocorridos nos últimos anos em Cabo Verde. E isso são apenas aqueles que foram levados aos Tribunais. Sabemos que este sistema precisa ser mudado quando mais de 30% dos reclusos da cadeia de São Martinho passaram pelo exército. E isso só neste estabelecimento prisional.

“Em vez de contribuir para a educação patriótica dos jovens que entram para o Serviço Militar Obrigatório, fruto dos formadores (quadros) que têm pouco a ensinar em termos de comportamento ético e moral aos formandos, os quartéis cabo-verdianos foram transformados em escolas onde o jovem vai aprender a ser mau soldado, usar drogas e álcool, roubar armas, aprender técnica militar para empregar contra os cidadãos e ser mau patriota.” Major Adriano Pires ao ASEMANA

Agora, digam-me, o que é essas pessoas iriam fazer com:

80 pistolas makarov

8 balas de canhão

10 cordões detonadores de explosivos

3.000 munições

5 granadas

50 carregadores de AKM

“Se Amílcar Cabral tivesse metade dessas armas no início da Luta Armada na Guiné-Bissau, em vez de 12 anos, em seis meses teríamos vencido a guerra contra o Exército Colonial, poupando milhares de vidas, tanto do lado do exército de libertação por ele dirigido, como do lado do exército colonial.” Major Adriano Pires ao ASEMANA

Infelizmente, não é de se esperar mais do que quatro soldados rasos a serem acusados por este roubo porque dos outros assaltos não há notícias de oficias como arguidos em julgamento. Mas todos sabemos que para atacar este problema quem deverá sentar no banco dos réus são altas patentes do Exército porque não é possível que este seja uma acção isolada de um grupinho de delinquentes que conseguiu entrar no paiol de armas e sair com eles dos quartéis sem serem notados, armazena-los em local seguro e conseguir vendê-los sem serem notados. Já diz a norma estatutária das Forças Armadas de Cabo Verde “o comandante (chefe) é o primeiro e único responsável por tudo o que acontece, ou deixa de acontecer, na sua área de jurisdição”.

Será que devo sentir-me seguro com o trabalho de segurança nacional dos nossos militares quando nem conseguem manter seguro as armas que servem para nos defender?





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