Nascer, Sofrer e Morrer [Cap. 3] | Dai Varela

22 de agosto de 2010

Nascer, Sofrer e Morrer [Cap. 3]

Laginha estava com pouca gente. Caminhávamos juntos, enterrando os pés na areia fria e fina. Somente duas estrangeiras deitadas na areia e uma senhora gorda que penosamente arrastava-se pela praia – se perguntado de certeza diria estar a correr - que repisava as nossas pegadas, fazia-nos companhia neste nosso secreto passeio.
Ivo despiu-se da camisa deixando ver-se seu corpo forte a convidar-me com os olhos a acompanha-lo à água. Sem esperar pela resposta, correu pela areia e mergulhou, desaparecendo por baixo das águas. Comecei a despir-me apressadamente. Ivo emergiu a gritar como um doido, despertando a curiosidade aos outros personagens, corri e atirei-me ao mar, que me engoliu por completo, de cuecas e soutien.
– A água está boa – enquanto falava aproximou-se tentando agarra-me pela cintura.
– É, tá mesmo boa –, e atirei-lhe duas mãos cheias de água à cara. Girei-me rapidamente e dei algumas braçadas para fugir dele. Virei-me para ver se me perseguia mas não o vi. Procurei em todas as direcções mas não conseguia vê-lo. De repente senti qualquer coisa a puxar-me para o fundo. Gritei, mas não me debati muito porque beijar debaixo de água é muito sabe. Nadamos, beijámos-nos, correndo na praia como duas crianças. Era sempre boa essa sensação de estar enrolada em seus braços a ouvi-lo filosofar – como costumava dizer – as vezes era preciso insistir muito até que ele resolvesse declarar… declamar ou recitar – bem não me lembro qual, o melhor é não lhe perguntar para não o irritar e estragar este momento – um dos seus poemas ou pensamentos. É que ele dizia ainda não estarem prontos, totalmente completos para serem… serem ouvidos por outra pessoa.
– Queres ouvir uma coisa que eu escrevi? – não sei porquê ele sempre perguntava, eu gosto de tudo o que ele escreve.
– Ok! Então ouve – e ele adquirindo a sua posse costumeira, encheu o peito de ar levantou a cabeça, abriu bem os olhos e com a mão aberta no ar, dizia:
– “Perco noites, noites em claro
A beijar-te com medo de acordar-te.
Perco noites, noites em claro
Consumido pelo ciúme
Ciúmes de mim mesmo
Quando me beijas em teus sonhos
Ai, triste vida como eu gostaria de ser eu em teus sonhos”
– O que é que estás a rir? – perguntou-me admirado.
– Nada, nada. É que… – e continuei a rir.
– Diga, diga – insistiu ele – bom, respondi, eu sei por que é que tu escreveste este poema. De tanto insistir comigo para… já sabes o quê, que agora tu estás a sonhar com isto.
– Às vezes até parece que não gostas de mim – tentei reagir mas ele fez-me um gesto com a mão e continuou – se eu gosto de ti e se tu dizes amar-me, então porquê todas as vezes que eu tento fazer amor contigo tu paras tudo e dizes que não? Tu não compreendes que eu não quero fazer-te mal?
– Mas... – respondi-lhe já cansada – de todas as vezes expliquei-te porquê. Ainda sou muito nova. Não quero perder a minha virgindade tão cedo. Temos muito tempo pela frente. Ele quis insistir, talvez com mais uma das suas frases, mas tive que tapar-lhe a boca com um beijo


  1. Simply wish to say your article is as astounding.

    The clarity to your put up is just cool and i can think you are knowledgeable in this subject.
    Well together with your permission allow me to take hold of your feed to stay up to date with drawing close post.
    Thanks a million and please carry on the gratifying
    work.
    My blog post - chelsea transfer news ronaldo

    ResponderEliminar

Whatsapp Button works on Mobile Device only

Start typing and press Enter to search